O TESOURO ASSÍRIO DE NIMRUD
O tesouro, que possui mais de 2.800 de história (data entre os séculos VIII e XIV aC), foi encontrado em tumbas perto do harém do palácio assírio da antiga cidade de Kalhu, mais tarde chamada Nimrud, às margens do rio Tigre, norte do Iraque. O sítio arqueológico encontra-se perto da atual cidade iraquiana de Mossul e é, praticamente, o único tesouro assírio encontrado com peças intactas, já que a quase totalidade das jóias assírias foi derretida ou roubada ao longo dos séculos.
Antes desta descoberta, a única maneira de se ter uma idéia de como seria a joalheria assíria era através de representações em relevo encontradas em antigas edificações. O tesouro é composto por 613 peças em ouro e prata, entre coroas, elmos, diadema, brincos, colares, amuletos e anéis, além de vasilhames feitos em cristal-de-rocha finamente lapidados e outros feitos em ouro. Várias joias ainda possuem as gemas empregadas na sua decoração.
O tesouro, encontrado em 1988 pelo arqueologista iraquiano Muzahim Mahmud e sua equipe, demorou dois anos para ser totalmente desvendado e faz parte do sítio arqueológico de Nínive, que contém 750 hectares e é considerado o maior do Oriente. O sítio foi escavado pela primeira vez em 1845, pelo arqueólogo britânico Henry Austen Layard - trabalho que durou até 1851 e revelou ao mundo esculturas (algumas colossais), baixos relevos e diversos objetos em mármore. Vários deles foram levados para o Museu Britânico de Londres, onde estão até hoje.
Entre as tumbas encontradas por Mahmud e sua equipe está a de Lullissu, rainha de Assurbanipal II, construtor do palácio. Em uma outra tumba, também de uma rainha, está a inscrição que ameaça a quem profanar as tumbas: “que seu espírito vague sedento”. Em somente uma das tumbas foram encontrados aproximadamente 22,5 quilos de ouro e prata em peças diversas.
Há alguns anos, quando Saddam Hussein invadiu o vizinho Kuwait, teve como resposta quase imediata o envolvimento dos Estados Unidos da América no conflito. O tesouro foi então escondido no mais secreto e seguro cofre nos porões do Banco Central iraquiano, mas durante o conflito o local foi inundado por um rompimento de canos de esgoto causado pela destruição de parte do prédio, em consequência de um ataque de um míssil norte-americano.
Em 2003, o Iraque foi invadido e ocupado pelo exército dos EUA. Dizem os especialistas que milhares de objetos foram roubados durante o processo de ocupação e até hoje estão desaparecidos. Era grande a preocupação sobre o paradeiro do tesouro de Nimrud mas, pouco tempo depois do estabelecimento das forças de ocupação americanas, arqueólogos iraquianos e funcionários do Museu de Bagdá, assistidos por representantes da revista National Geographic e por membros do governo e do exército dos EUA, retiraram dois milhões de litros de água do cofre e encontraram as peças do tesouro dentro de várias caixas de metal fechadas com cadeados. A água infiltrou-se em algumas caixas, mas nada que tenha deteriorado efetivamente o conteúdo das mesmas. Ao serem abertas, revelaram as magníficas peças do tesouro da realeza assíria. Retiradas, as peças foram devidamente limpas e voltaram a integrar o acervo do Museu de Bagdá, pertencente ao povo iraquiano.
O tesouro de Nimrud é comparado em esplendor ao do faraó Tutankamon.
Braceletes do ouro que fazem parte da coleção do tesouro encontrado em Nimrud.
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